O câncer do colo do útero no Brasil

O câncer de colo do útero é um tumor que se desenvolve a partir de alterações no órgão, que se localiza no fundo da vagina. Inicialmente, são lesões totalmente curáveis, na maioria das vezes, mas que, se não tratadas, após muitos anos, transformam-se em câncer. Essa é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não ter sintomas em fase inicial e evoluir para quadros de sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados.

Além da infecção por HPV, majoritariamente relacionada aos casos de câncer de colo do útero, fatores ligados à imunidade, genética e ao comportamento sexual podem influenciar o desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas. Portanto, o tabagismo, o início precoce da vida sexual, um elevado número de parceiros sexuais e de gestações, o uso de pílula anticoncepcional e a imunossupressão (causada por infecção pelo HIV ou uso de imunossupressores, que reduzem a eficiência do sistema imunológico) são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de colo do útero.

Incidência do câncer de colo do útero no Brasil

Entre todos os tipos de cânceres em mulheres, o câncer de colo do útero é o que tem a menor taxa de sobrevivência. Sendo diagnosticado em 570 mil mulheres em 2018, o câncer de colo do útero foi responsável por 311 mil óbitos no mesmo ano.

No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o biênio 2016/2017 foram de 16.340 novos casos de câncer de colo do útero. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, atualmente, o câncer de colo do útero é o segundo mais incidente nas regiões norte (21,20/100 mil), nordeste (17,62/100 mil) e centro-oeste (15,92/100 mil). Já na região sul (17,48/100 mil), ocupa a quarta posição e, na região sudeste (12,01/100 mil), a quinta posição.

O número de casos novos de câncer de colo do útero esperados para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022 foi de 16.590, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres.

Um dado importante!

Os pré-cânceres de colo do útero são diagnosticados com mais frequência do que o câncer de colo do útero invasivo.

 

Nos últimos 40 anos, com o aumento do uso do exame de papanicolau, a taxa de mortalidade por câncer de colo do útero caiu quase 50%. O panorama geral ainda pode ser melhorado com a aplicação de testes mais sensíveis para um rastreamento precoce, como o exame de DNA-HPV e métodos organizados de rastreamento..
A maioria dos casos são diagnosticados em mulheres com faixa etária inferior a 50 anos. Raramente se desenvolve, porém, em mulheres com menos de 20 anos. Mulheres mais velhas costumam não perceber que o risco de desenvolver câncer de colo do útero ainda está presente, independentemente da idade. Mais de 15% dos casos de câncer são diagnosticados em mulheres acima dos 65 anos.

Prevenção do câncer de colo do útero

O papilomavírus humano (HPV) está relacionado à grande parte dos casos de câncer de colo do útero. O HPV é adquirido pela mulher ainda no início de sua vida sexual e, por fatores imunológicos da mulher e a própria agressividade do agente, a infecção persiste e ocasiona lesões pré-cancerosas no colo uterino.

Se a condição imunológica for baixa e o tipo de HPV agressivo, ou o tratamento não for realizado, as lesões podem progredir para o câncer.

Atualmente, a vacina contra o HPV é ofertada pelo sistema único de saúde (SUS) nos postos de saúde, além de estar disponível em clínicas particulares. A Anvisa já aprovou uma nova vacina que protege contra nove tipos de vírus do HPV.

A vacina oferecida pelo SUS é a quadrivalente, que protege contra os quatro tipos de vírus HPV mais comuns no Brasil. Após a imunização, o corpo produz os anticorpos necessários para combater o vírus e, assim, caso a pessoa seja infectada, não desenvolve a doença e fica protegida.

Referências:

1. Arbyn M, Weiderpass E, Bruni L et al. Estimates of incidence and mortality of cervical cancer in 2018: a worldwide analysis. The Lancet Global Health 8.2. 2020;8(2):e191-e203.

2. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf. Acesso em:01/12/2022

3. Instituto Nacional de Câncer. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer de colo do útero 2016. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/diretrizesparaorastreamentodocancerdocolodoutero_2016_corrigido.pdf. Acesso em: 01/12/2022

4. Teixeira JC, do Vale DB, Campos CS et al. Organization of cervical cancer screening with DNA–HPV testing impact on early–stage cancer detection: a Population–based demonstration study in a Brazilian city. The Lancet Regional Health-Americas. 2022; 5:100084.

5. Oncoguia. Estatística para câncer do colo do útero. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/estatistica-para-cancer-de-colo-do-utero/6717/283/. Acesso em: 01/12/2022

6. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Perguntas mais frequentes HPV. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/hpv. Acesso em: 01/12/2022

7. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo de Útero. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero#:~:text=O%20controle%20do%20c%C3%A2ncer%20do%20colo%20do%20%C3%BAtero%20%C3%A9%20uma,Transmiss%C3%ADveis%20no%20Brasil%202021%2D2030. Acesso em: 01/12/2022

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