Um olhar sobre o câncer de mama no Brasil

Um estudo com 1.237 pessoas diagnosticadas com esse tumor – mais de 95% delas mulheres – revela os principais desafios a serem superados e o impacto da doença na qualidade de vida

Há muitas camadas que envolvem o câncer de mama e a forma como as pessoas diagnosticadas lidam com a doença.

Alto tempo de deslocamento para realizar o tratamento e efeitos colaterais difíceis de lidar são apenas alguns dos aspectos que foram levados em conta na pesquisa “Um Olhar Sobre o Câncer de Mama no Brasil”, fruto da parceria entre Roche, Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e Instituto Oncoguia, e realizada pela Editora Abril.

No total, foram entrevistadas 1.237 pessoas – 99% mulheres – que já foram diagnosticadas com câncer de mama. Essas pessoas revelaram como o tratamento da doença impacta diretamente sua qualidade de vida. Entre os pontos levantados pelo questionário, o tempo empregado entre consultas, exames e medicações é o que gera maior desgaste na vida das pacientes.

A pesquisa também conseguiu fazer um comparativo e mostrar quais as diferenças entre as jornadas das pacientes tratadas exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em contraste com aquelas que utilizam a saúde suplementar. Para a grande maioria delas – 64% do SUS e 52% do sistema privado – o tempo de deslocamento até o hospital, ambulatório ou local onde faziam exames, consultas e o tratamento medicamentoso afetou de alguma forma a qualidade de suas vidas.

Para além desses dados, as pacientes também indicaram outros aspectos de suas vidas que foram diretamente impactados pelo tratamento do câncer de mama, como suas vidas social e profissional. Para 40% das pacientes do SUS, a empregabilidade e a renda familiar foram os setores mais prejudicados pelo câncer, enquanto a sexualidade foi a área mais indicada pelas pacientes da saúde suplementar (36%).

Mesmo apontando tantos aspectos que foram alterados devido à doença, quando perguntadas diretamente sobre o tema, mais da metade indicaram ter uma ótima ou boa qualidade de vida. “Isso nos levanta um alerta de que, talvez, apesar de sentir os impactos do tratamento, essa paciente acredita que não tem como deixar sua jornada melhor e esse não é o caso. Existem formas e possibilidades de melhorar o cenário para todas com políticas públicas, tratamentos inovadores, e claro, o apoio das associações de paciente”, reflete Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia. “A pesquisa também mostrou que uma grande maioria dos médicos não indica que a sua paciente e rede de apoio procurem o auxílio das associações, que são fundamentais para ajudá-las a entender seus direitos” complementa.

As pacientes também tiveram a oportunidade de opinar sobre quais aspectos de seus tratamentos elas gostariam que melhorasse:

“A medicina e a ciência evoluem para oferecer novas opções de tratamento para diferentes tipos e subtipos de tumor, levando em consideração suas características e estágio que o câncer foi descoberto, por exemplo. Além disso, o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar que olha para todos os aspectos da paciente também precisa entrar na equação para oferecer uma jornada de tratamento mais cômoda e tranquila”, comenta Dra. Maira Caleffi, médica mastologista e presidente da Femama.

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